Desde os primórdios da existência humana, a magia permeia a história, religião, ciência e arte. Ao longo dos séculos, se difundiu de formas diversas, desde a época dos cultos de mistério da antiguidade, como os mistérios de Elêusis , Mitraísmo, Hermetismo e até mesmo o Druidismo, até o desenvolvimento do ocultismo do século XIX e XX, com ordens iniciáticas como a Golden Dawn e figuras de destaque como Aleister Crowley.

Justamente pelo caráter tão abrangente e milenar da magia, faz com que uma “definição” seja tão difícil. O próprio Aleister Crowley possui uma frase que é uma de suas mais famosas:

A Magia é a Ciência e a Arte de causar mudanças de acordo com a Vontade

Aleister Crowley, séc. xx

No entanto, esse tipo de conceito, apesar de ressaltar a Vontade, que de fato é importantíssima para a prática mágica, não contempla a realidade das forças espirituais, metafísicas envolvidas. Nesse caso, o criador da bruxaria moderna tem algo a completar:

A base das crenças mágicas […] das quais a bruxaria é uma forma, é que existem poderes invisíveis e que, ao realizar o tipo certo de ritual, esses poderes podem ser contatados e forçados ou persuadidos a ajudar alguém de alguma forma.

Gerald Gardner, séc. XX

Contando com um entendimento metafísico da realidade e utilizando-se de forças espirituais sutis, sejam internas como externas, o(a) mago(a) ou bruxo(a) transforma sua própria realidade por meio da magia. Mas não podemos nos esquecer do forte componente filosófico e profundo que faz com que, ao menos no ocidente, a magia seja herdeira de um conhecimento platônico, hermético, estoico, cabalístico, e até mesmo xamânico. Perceba a complexidade e profundidade da magia abordada pelo maior mago da renascença em sua obra mais conhecida:

A Magia é uma faculdade de maravilhosa virtude, cheia dos mais nobres mistérios, contendo a mais profunda contemplação das coisas mais secretas junto à natureza, ao poder, à qualidade, à substância e às virtudes delas, bem como o conhecimento de toda a natureza, e elas nos instrui acerca da diferença e da concordância das coisas entre si, produzindo assim maravilhosos efeitos, unindo as virtudes das coisas pela aplicação delas em uma em relação a outra, unindo-as e tecendo-as bem próximas por meio dos poderes e da virtudes dos corpos superiores. […] Essa é a mais perfeita e principal ciência, a mais sagrada e sublime espécie de filosofia e, por fim, a mais absoluta perfeição de toda a excelentíssima Filosofia.

 Heinrich Cornelius Agrippa, séc. XVI


Agora que contextualizamos a Magia de uma maneira profunda, surge a seguinte pergunta: para que serve um mago(a), bruxo(a), feiticeiro(a)?

Precisamos voltar no tempo para responder essa pergunta.

Ao longo de toda a história humana, o(a) praticante de magia sempre ocupou um papel paradoxal de um destaque discreto, um protagonismo oculto.

Nos bastidores de cada reino e cada rei, haviam figuras de aconselhamento. Uma dessas figuras eram preenchidas pela religião e seus sacerdotes. A outra figura era o mago, o astrólogo, o vidente. Nas lendas, o mais famoso sem dúvida é Merlin, que servia de conselheiro do grande Rei Artur. Na história possuímos diversos outros exemplos, como o mago Michael Scot, conselheiro e tutor de Frederico II do Sacro Império Romano, ou até mesmo John Dee, famoso mago inglês da renascença, astrólogo e conselheiro da Rainha Elizabeth I.

O mago, principalmente utilizando-se da arte da astrologia, fazia mapas natais de reis e nobres, analisava o destino, confeccionava talismãs astrológicos, conseguia prever e orientar a respeito do futuro pessoal ou político dos reinos e seus protagonistas. Além de utilizar o céu, o praticante, na figura do alquimista e exercendo um trabalho metálico, também era muito útil e cobiçado pela nobreza. Em dado momento, a Europa vivia uma espécie de “corrida do ouro” oculta, com os nobres financiando alquimistas e experimentos com o objetivo de “transmutar” metais e enriquecer. Infelizmente, a ganância de alguns reis e alquimistas gerou muitos charlatões e enganações.

Outra função do praticante de magia é justamente a cura. Vemos isso especialmente na figura da bruxa e dos inúmeros curandeiros. Na época das vilas e vilarejos, todos tinham uma “bruxa” ou “benzedeira” de confiança, que entendia de plantas e suas propriedades curativas e venenosas. Ter o conhecimento das ervas é ter o poder da saúde e da morte.

A morte inclusive, para a maioria dos praticantes esotéricos, não é o fim. A vida continua em outros planos de existência, e um praticante de magia era muito útil em contatar seres “do outro lado”. Na figura do médium e mesmo bem antes, algumas pessoas tinham o costume de ir atrás de quem tinha um conhecimento “necromântico”, em busca de respostas.

Outra resposta muito buscada está relacionada com o destino, com o futuro e seus caminhos. As pessoas desde o início dos tempos procuravam especialistas nas artes divinatórias, saber o que o futuro reserva por meio de cartas, dados, bola de cristal ou até mesmo o movimento das nuvens e dos pássaros. A figura da “cigana” é a mais associada às práticas oraculares, no nosso (in)consciente coletivo.

Existem pessoas que mesmo sem ter um meio material de obter respostas (cartas, dados etc), conseguem por meio de seus próprios poderes psíquicos, obter informações sobre o passado, presente e futuro. Ao tocar um objeto, conseguem sentir e revelar sua história. Além disso, conseguem ter contato com espíritos diversos, diferentes daqueles dos mortos. Falo sobre os gnomos, elementais, familiares e diversos outros membros dessa grande “fauna” invisível.

Alguns espíritos poderiam ser usados para encontrar tesouros, amaldiçoar, unir pessoas, influenciar as mentes. Isso é rotina de um praticante de magia cerimonial, que o consegue por meio de rituais complexos que convocam anjos, daemons ou jinns (gênios). Outra maneira de conseguir efeitos práticos é uma prática mais “folclórica” da feitiçaria, simpatias, rituais menos “complexos” que utilizam principalmente de recursos naturais como plantas, pedras, partes de animais. Pessoas vão atrás de magos e feiticeiros para, por meio de rituais ou feitiços, manifestarem mudanças significativas em suas vidas.

Então, podemos concluir que um “mago” serve para muitas coisas. Ele era e ainda é procurado para:

Prever o futuro e orientar por meio da astrologia, curar e “envenenar” a partir da propriedade das plantas, comunicar-se com mortos e espíritos não-nascidos, transmutar e gerar riquezas, fazer poções e elixires, aconselhar por meio de oráculos, manifestar mudanças na realidade a partir de feitiços ou rituais.


Se você sente que a magia faz parte do seu espírito e ressoa com sua essência, e deseja se aprofundar nos mistérios e se aperfeiçoar como Mago ou Bruxa…..

  • Adquira o livro O Currículo de um Mago (lançamento em breve…)
  • Acompanhe as postagens deste site sobre diversos temas ocultos.
  • Confira os reviews de livros para expandir sua biblioteca arcana.
  • Veja os cursos recomendados para expandir sua capacidade mágica teórica e prática.